Histórias

Uma Mulher Idosa Pegou Minha Mão e Começou a Prever Meu Futuro, Convencendo-me a Cancelar Meu Casamento.

Quando uma desconhecida pegou minha mão e me advertiu para não me casar, ignorei. Mas quando descobri que ela era uma atriz contratada, tive que me perguntar: quem chegaria tão longe para impedir que eu me casasse com o homem que amava?

Nunca fui supersticiosa. Meu nome é Penélope, e sou apenas uma mulher comum, equilibrando trabalho, preparativos do casamento e momentos com minha melhor amiga, Esther. Ultimamente, minha vida havia sido um verdadeiro turbilhão de emoções. Cameron, meu noivo, era tudo o que eu poderia pedir—atencioso, divertido e compreensivo.

Faltavam apenas alguns meses para o casamento, e Esther, como sempre, estava ao meu lado em meio ao caos, ajudando-me a escolher os arranjos florais, vestidos e cada pequeno detalhe.

Foi em uma tarde de sábado comum que o estranho encontro aconteceu. Esther e eu havíamos acabado de sair de nossa boutique favorita, depois de passarmos horas escolhendo vestidos e debatendo sobre quais destinos de lua de mel eram superestimados.

Ela tentava me convencer de que Fiji não era tão incrível quanto diziam, enquanto caminhávamos pelo supermercado, comprando mantimentos para a semana.

Estávamos na seção de cereais quando senti alguém se aproximar demais de mim.

Ao me virar, dei de cara com uma mulher idosa—cabelos escuros desgrenhados, olhos penetrantes cravados nos meus. Antes que eu pudesse reagir, ela segurou minha mão com um aperto firme, quase desesperado.

— Sinto quatro cicatrizes — disse ela, com uma voz rouca e grave. — Todas nas suas pernas. Um animal… um lobo?

Fiquei paralisada, sentindo meu coração parar por um instante. Ela estava certa. Eu tinha essas cicatrizes—profundas e irregulares, de quando fui atacada por um lobo em um acampamento com minha família quando tinha cinco anos. Não era algo que eu contasse para muitas pessoas. Como ela poderia saber?

Esther, distraída com seu celular, levantou o olhar bem a tempo de ver a mulher segurando minha mão.

— Ei! Larga ela! — ela exclamou, se aproximando para intervir.

Mas a mulher parecia não notar. Seus olhos continuavam fixos nos meus.

— Vejo que você vai se casar — murmurou, apertando minha mão ainda mais. — Não faça isso. Algo ruim está para acontecer.

Prendi a respiração. Me senti presa no chão, incapaz de me mover. Como ela sabia sobre o meu casamento? Que tipo de “problema” estava prevendo?

Antes que eu pudesse perguntar, Esther puxou minha mão bruscamente, libertando-me de seu aperto.

— Você enlouqueceu? — ela rosnou para a mulher. — Cai fora, bruxa!

A mulher piscou, como se tivesse saído de um transe, e se afastou sem dizer mais nada. Fiquei ali parada, observando-a desaparecer, sentindo meu coração disparado no peito.

— Penélope, você está bem? — Esther perguntou, com um tom mais suave agora que a estranha havia sumido. — Provavelmente era só uma maluca. Não deixa isso te afetar.

Forcei um sorriso.

— Sim, você deve estar certa — murmurei, embora no fundo eu não tivesse tanta certeza.

Durante as duas semanas seguintes, suas palavras ecoaram na minha mente. “Não faça isso. Algo ruim está para acontecer.” Elas se repetiam como um disco arranhado. Por mais que eu tentasse me convencer de que era besteira, a inquietação não desaparecia.

Então, ontem, enquanto almoçava com minha mãe em um pequeno café, eu a vi de novo—ou pelo menos, achei que vi.

Do outro lado da rua, uma mulher entrou apressadamente em uma loja. Mas, dessa vez, ela tinha cabelos loiros e olhos claros. Sua aparência era completamente diferente, mas algo nela… algo parecia familiar.

Antes que eu pudesse pensar duas vezes, me levantei e corri atrás dela.

— Ei, você! — gritei, alcançando-a antes que ela entrasse.

A mulher se virou, assustada.

— Me solta! — ela gritou quando segurei seu pulso.

— Quem é você? — exigi saber.

— Eu sou uma atriz! — ela balbuciou. — Me pagaram para te assustar e te fazer cancelar seu casamento.

Meu coração gelou.

— Você… foi paga? Por quem?

Ela hesitou, depois pegou o celular com relutância. Quando mostrou a tela para mim, um arrepio percorreu minha espinha.

Era Cameron.

Meu noivo. O homem em quem eu confiava, que eu amava, com quem pensei que passaria minha vida.

— Ele… ele te pagou? — minha voz tremeu enquanto eu tentava processar a traição.

A mulher desviou o olhar, nervosa.

— Olha, eu não quero problemas. Só fiz o meu trabalho. Por favor, me deixa ir.

Engoli em seco.

— Por quê? Por que ele fez isso?

— Eu não sei — ela admitiu. — Ele só disse que não conseguia seguir com o casamento, mas não sabia como te contar.

Uma raiva ardente tomou conta de mim. Mas eu não era do tipo que gritava. Minha raiva era fria. Calculada.

Ele não teve coragem de terminar comigo… então contratou alguém para me manipular? A covardia era quase cômica. Quase.

Andei sem rumo pela cidade, minha mente girando com pensamentos sobre Cameron, o casamento, tudo.

Quando finalmente cheguei em casa, minha decisão estava tomada.

Naquela noite, arrumei a mesa para o jantar como se nada tivesse acontecido. Cozinhei seu prato favorito—frango assado com batatas ao alecrim—e me certifiquei de que tudo estava perfeito.

Quando Cameron chegou, percebi que ele parecia inquieto. Talvez a culpa estivesse pesando sobre ele.

— Oi, amor! — ele me cumprimentou com um beijo na bochecha, sem suspeitar de nada. — Está com um cheiro maravilhoso.

— Fiz do jeito que você gosta — sorri, colocando os pratos na mesa. — Pensei que podíamos ter uma noite agradável.

Ele se sentou, e por um momento, comemos em silêncio.

Esperei. Observei.

E, no momento certo, iniciei a conversa.

— Você não vai acreditar no que me aconteceu hoje.

Cameron levantou os olhos.

— Ah, é? O que aconteceu?

— Eu estava no supermercado com a Esther — comecei, casualmente — e uma mulher apareceu do nada. Ela pegou a minha mão.

Vi seus ombros ficarem tensos.

— O quê? O que ela queria?

Dei de ombros.

— Ela começou a falar sobre umas cicatrizes que tenho nas pernas. Muito estranho… ela sabia sobre elas, mesmo sem nunca termos nos visto antes.

Cameron engoliu seco.

— Isso… é esquisito.

— Ela também mencionou nosso casamento — continuei. — Disse coisas interessantes sobre isso.

Sua mão apertou o garfo.

— Tipo o quê?

Sorri docemente.

— Que você seria um homem de sucesso e que teríamos um casamento muito feliz.

Foi quando ele engasgou. Bem na hora certa.

Tossindo, ele olhou para mim com olhos arregalados, em pânico.

— Amor, você está bem? — perguntei, fingindo preocupação enquanto saboreava seu desconforto.

— S-sim — ele gaguejou. — Só… inesperado.

Inclinei-me para ele, e minha expressão mudou.

— Inesperado? O que é inesperado, Cam? O fato de termos um casamento feliz? Ou o fato de você ser tão covarde a ponto de contratar alguém para terminar comigo?

Seu rosto ficou pálido.

Levantei-me lentamente.

— Eu mesma vou cancelar a cerimônia.

Dei meia-volta e saí.

O jogo acabou, Cameron. O jogo acabou.

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