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‘Tirou a vida do meu marido e está solto’, diz mulher que foi atropelada enquanto beijava esposo em calçada em SP

Homem de 31 anos não conseguiu sobreviver aos ferimentos. Mulher foi hospitalizada em estado crítico e recebeu alta. Condutor estava embriagado e não prestou assistência. Ele foi detido em flagrante, porém liberado mediante fiança.

A mulher que foi atingida no último domingo (20) enquanto caminhava e trocava carinhos com o esposo na calçada na Zona Sul de São Paulo teve alta hospitalar e está se recuperando em sua residência. No entanto, o cônjuge dela não conseguiu resistir aos danos. O motorista estava embriagado e foi localizado pelas autoridades ainda dentro do automóvel. Ele foi preso em flagrante, contudo obteve liberdade provisória.

O casal Jonatan Ribeiro e Cristiane Mendes aproveitava seu dia de folga para passear com seu cão de estimação pelo bairro. Uma câmera de segurança registrou o momento em que os dois passavam próximo a um posto de combustíveis e não perceberam quando um veículo invadiu a calçada. O animal não foi atingido.

“Não conhecíamos este homem. Sempre fomos de paz e, infelizmente, ele tirou a vida do meu marido. E está solto. Única coisa que quero é justiça”, disse ao g1. Cristiane teve ferimentos nos braços e nas pernas.

Passeio em dia de folga
“Eles saíram pra passear porque eles trabalhavam de domingo a domingo. No domingo de folga dos dois, saíram mais cedo de casa pra passear. Nem tinham o costume de sair naquele horário”, lamenta a irmã de Jonatan, Amanda Ribeiro.

Policiais militares responderam à ocorrência na Avenida Comendador Sant’Anna, no Capão Redondo, e constataram que o suspeito, Gabriel Souza Pereira, de 30 anos, estava no interior do carro. Ele afirmou não recordar o que havia ocorrido. Antes da chegada da polícia, os frentistas do posto tentaram remover o motorista do veículo.

Motorista estava embriagado
O condutor foi submetido ao teste do etilômetro, que indicou presença de álcool em seu organismo. Os frentistas do posto tentaram retirar Gabriel do interior do carro.

“As pessoas queriam bater nele e tudo, mas ninguém chegou a bater. Não mostrou arrependimento nem nada. Tinha sinais de estar embriagado e drogado”, relata Amanda.

Jonatan, com 31 anos, foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado ao Hospital Municipal do M’Boi Mirim. Cristiane Mendes, de 26 anos, foi levada ao Hospital Municipal do Campo Limpo.

O incidente foi registrado como homicídio culposo (não intencional) na condução de veículo e lesão corporal culposa na condução de veículo pelo 47º Distrito Policial (Capão Redondo). Cristiane recebeu alta hospitalar no mesmo dia.

O motorista passou por audiência de custódia e obteve o alvará de soltura com liberdade provisória.

Ele terá que cumprir obrigações como comparecer bimestralmente ao tribunal, manter seu endereço atualizado, não se ausentar da região de residência por mais de oito dias sem comunicar previamente ao tribunal e não frequentar “frequentar bares, boates, prostíbulos e afins”.

O juiz considerou para o alvará de soltura que não consta nos “autos informações sobre o desenrolar dos eventos”, entre outros aspectos:

“Sequer consta se havia um segundo veículo envolvido, ou se as vítimas ocupavam o mesmo veículo que o autuado”;
“Embora se presuma que o autuado estava na condução do veículo, por ter sido preso em flagrante, tal informação também não consta dos autos, tendo sido apenas informado que o autuado estava ‘dentro’ do automóvel;
“Em razão da alegada embriaguez, verifico que o etilômetro resultou 0,14mg de álcool por litro de ar alveolar, abaixo portanto do limite previsto no artigo 306, § 1º, inciso I, do Código de Trânsito Brasileiro”;
“E embora seja certo que a embriaguez possa ser também comprovada por sinais que indiquem a alteração da capacidade”;
“Verifico que no depoimento dos Policiais Militares que atenderam à ocorrência nada constou acerca do estado do autuado”;
“Em suma, os fatos precisam ser melhor esclarecidos”.