Histórias

MINHA COLEGA APARECEU NO MEU ENCONTRO COM SEUS TRÊS FILHOS E ESTRAGOU TUDO – QUANDO A CONFRONTEI, ELA TEVE A CARA DE PAU DE DIZER: “VOCÊ DEVERIA ME AGRADECER”.

A noite tinha tudo que eu havia planejado: luz de velas, vinho e a promessa de uma conexão mais profunda. Mas quando minha colega entrou pela porta com seus filhos a tiracolo, o jantar romântico se transformou em um desastre que eu não esperava – e em uma verdade para a qual eu não estava preparado.

A terceira saída com Susan deveria ser a definitiva. Nos conhecemos no Tinder – seu perfil era a mistura perfeita de humor afiado e beleza natural. Depois de dois encontros incríveis e um passeio inesquecível pelo parque, eu estava pronto para levar as coisas a um novo nível.

Aquele dia, escolhi um restaurante italiano aconchegante, longe da agitação da cidade. Era o cenário ideal para uma conversa envolvente e um jantar especial.

Susan chegou deslumbrante, com um vestido azul-marinho que realçava sua silhueta, e os cabelos caindo suavemente sobre os ombros. Quando sorriu, pensei: “Uau, isso pode dar certo”.

O garçom havia acabado de trazer uma cesta de pães frescos quando o barulho da porta se abrindo chamou minha atenção. No início, ignorei. Mas então, ouvi uma voz familiar.

— Oi, Rob! Que coincidência te encontrar aqui!

Congelei com um pedaço de pão na mão. Não havia dúvidas: era Linda, minha colega do setor de contabilidade. Seu vestido florido destoava completamente do ambiente, mas esse não era o verdadeiro problema. O verdadeiro problema eram os três filhos dela – de 2, 8 e 12 anos – que se agarravam a ela, cheios de energia.

— Linda? — consegui dizer, piscando várias vezes.

Ela se aproximou, trazendo os filhos até a nossa mesa.

— Você não me disse que vinha aqui hoje! — disse ela com naturalidade.

O olhar de Susan oscilou entre Linda e eu.

— Amiga sua? — perguntou, num tom cauteloso.

— Colega — corrigi, forçando um sorriso, enquanto Linda já colocava as crianças nas cadeiras da nossa mesa.

— O restaurante está cheio esta noite — disse Linda, pegando um palito de pão sem cerimônia. — Achei que poderíamos fazer companhia. Você não se importa, né?

Sim, eu me importava. Muito.

Linda sempre foi um mistério. Mãe solteira de três filhos, fruto de dois relacionamentos fracassados, era magnética e intimidadora ao mesmo tempo. No trabalho, chamava atenção com sua inteligência afiada e sua beleza inegável, mas mantinha todos à distância.

Eu admirava sua força, sua dedicação aos filhos e sua capacidade de equilibrar o caos com maestria. Mas essa admiração era estritamente profissional. Além disso, uma mulher como Linda? Totalmente fora do meu alcance.

Mas ali, sentada ao meu lado com seus filhos, sua presença não era magnética – era sufocante.

— Linda, o que você está fazendo aqui? — murmurei, baixinho, olhando para Susan, que já demonstrava impaciência.

— Não seja bobo — respondeu ela, colocando a mão sobre a minha. Instintivamente, puxei de volta. — Você prometeu cuidar das crianças hoje à noite, e aqui está… jantando com ela.

Ela indicou Susan com a cabeça, como se ela fosse a intrusa.

Susan arregalou os olhos.

— Perdão?! — exclamou, indignada.

Linda continuou, impassível:

— Quero dizer que somos uma família — apontou para seus filhos, que devoravam nossa cesta de pães. — Eles estavam tão animados para te ver hoje!

— Linda, eu nunca prometi…

Ela me interrompeu.

— Sério, Rob? Vai fingir que isso não existe na frente dela?

— Fingir o quê? — exigiu Susan, agora de pé, com um misto de incredulidade e fúria.

Linda deu de ombros, esboçando um sorriso presunçoso.

— Eu não queria estragar o seu encontro, Susan. Mas você deveria saber que tipo de homem está vendo. Ele vem enganando a mim e às crianças há meses.

Meu coração parou.

— O quê?! Linda, CHEGA! — sibilei, sentindo os olhares das outras mesas se voltarem para nós.

Susan pegou sua bolsa.

— Está claro que vocês dois têm… assuntos inacabados — disse ela, me lançando um olhar de desprezo antes de sair furiosa.

Me levantei para ir atrás dela, mas a filha mais nova de Linda segurou minha perna.

O restaurante ficou em silêncio.

Virei-me para Linda, com a voz trêmula de raiva.

— O que você fez? Você arruinou o meu encontro!

Ela sequer piscou. Em vez disso, se recostou na cadeira, enquanto um de seus filhos mordiscava um pãozinho.

— Você deveria me agradecer.

— Agradecer? — repeti, contendo a fúria. — Por me humilhar publicamente?

Linda pegou o celular calmamente e começou a deslizar o dedo pela tela.

— Não. Por te salvar.

— Me salvar? — a encarei, sem entender nada.

Ela virou a tela para mim.

— Reconhece isso?

Estreitei os olhos. A imagem era granulada, mas eu reconheci o rosto.

— É… Susan. Por que está me mostrando isso?

— Isso — disse Linda, ampliando a imagem — é uma foto da ficha criminal dela.

As palavras não fizeram sentido no começo.

— Ficha criminal?

Ela assentiu, séria.

— Meu irmão é policial. Ontem, passei na delegacia para deixar uns documentos e vi a foto dela no quadro de procurados. Ela está sendo investigada por fraude.

— FRAUDE? — repeti, tentando acompanhar.

— Sim — continuou Linda. — Ela aplica golpes em homens. Se aproxima, ganha a confiança deles e depois os rouba. Quando vi a foto que você postou no Instagram antes do encontro, liguei para o meu irmão… e bem, aqui estamos. Aposto que a polícia já deve tê-la detido.

Senti o chão sumir.

— Isso é sério?

— Muito — respondeu Linda, agora num tom mais suave. — Rob, eu sei que isso foi… intenso. Mas eu não podia deixar que ela se aproveitasse de você. Você é um cara bom. Não merecia isso.

Permaneci em silêncio por um momento. A raiva se dissipou, substituída por algo novo: choque, confusão… e talvez gratidão.

— Por que não me contou antes?

Linda suspirou, olhando para os filhos.

— Tentei te ligar, mas você não atendeu. E quando te vi aqui, entrei em pânico. Fiz o que achei melhor.

Respirei fundo, processando tudo.

Susan – charmosa, espirituosa e belíssima – era uma golpista. E Linda, com sua entrada caótica e seus três filhos, acabara de me salvar de um desastre.

O silêncio foi interrompido por um dos garotos.

— Então, vamos pedir pizza ou o quê?

Eu ri. Uma risada de verdade.

Linda sorriu satisfeita.

— Agora você pode me agradecer.

Neguei com a cabeça, entre divertido e exasperado.

— Você é inacreditável.

Dois anos depois, estamos juntos. Adotei seus filhos e, todos os dias, eles me ensinam o que é amar e ser amado.

E Linda? Continua dizendo que eu deveria agradecê-la por aquela noite.

E eu agradeço. Todos os dias.

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