CASAL ARROGANTE EM AVIÃO EXIGE QUE EU CUBRA MEU ROSTO POR CAUSA DAS MINHAS CICATRIZES — A COMISSÁRIA DE BORDO E O CAPITÃO OS COLOCAM EM SEU DEVIDO LUGAR.
Quando embarquei no voo, senti que seria um daqueles dias em que os olhares dos outros falariam mais do que as palavras. Desde o acidente de carro que deixou marcas no meu rosto, as cicatrizes pareciam gritar por atenção onde quer que eu fosse.
Tudo começou há pouco mais de um mês, quando um pedaço de vidro cortou meu rosto após o impacto do airbag. Embora os médicos tenham feito um ótimo trabalho ao costurar o ferimento, a cicatrização foi lenta e deixou uma linha avermelhada e brilhante que cortava minha sobrancelha e descia pela bochecha até o maxilar. Uma parte da minha sobrancelha não voltaria a crescer, e a depressão onde o corte fora mais profundo agora fazia parte de quem eu era.
Estava aprendendo a lidar com isso, mesmo que fosse difícil. Naquele dia, voltava para casa para um evento em família, tentando me manter positiva. Sentei-me cedo em meu assento junto à janela, coloquei meus fones de ouvido e fechei os olhos, esperando apenas por um voo tranquilo.
No entanto, fui despertada por vozes altas e irritadas. Um casal estava parado no corredor, olhando fixamente para os números dos assentos ao meu lado.
— “Você está brincando, né?” — resmungou o homem, a voz carregada de desdém.
— “Só senta logo, Tom”, respondeu a mulher, revirando os olhos.
Eles se acomodaram com muita reclamação e gestos rudes. Tentei ignorá-los, mantendo a cabeça baixa. Mas não durou muito.
— “Você não acha que podia cobrir isso ou se mudar?” — o homem falou de repente, apontando na minha direção.
Pisquei, confusa. Ele estava falando… comigo?
— “Tom!” — sibilou a mulher, cobrindo o rosto com o suéter como se o ar tivesse ficado irrespirável. — “Isso é nojento. Eu não consigo olhar para ela.”
As palavras cortaram fundo. Minha garganta apertou, e o nó no estômago cresceu.
— “Moça!” — o homem chamou uma comissária de bordo, acenando impaciente. Quando ela se aproximou, ele disse, alto o suficiente para todo o avião ouvir:
— “Essa moça aqui está incomodando minha namorada. Você pode levá-la para outro lugar? Ela está… assustando a gente.”
A comissária olhou para mim, e seus olhos suavizaram ao perceber a situação. Então, endireitou-se, com uma postura firme.
— “Senhor, todos os passageiros têm direito a ocupar seus assentos. A senhorita não está incomodando ninguém.”
— “Isso é ridículo!” — retrucou ele. — “Estamos pagando por conforto, não para ficar ao lado de… disso!”
— “Senhor, vou pedir que modere o tom de voz. A discriminação não será tolerada neste voo.”
O casal bufou, mas a comissária não disse mais nada. Ela virou-se calmamente e caminhou até a cabine. O silêncio no avião parecia ensurdecedor. Eu queria sumir, evaporar daquele lugar, mas me obriguei a olhar para a janela e respirar fundo.
Poucos minutos depois, a voz do capitão soou pelo sistema de som da cabine:
— “Senhoras e senhores, aqui é o capitão falando. Gostaria de lembrá-los de que este é um voo para todos. Qualquer comportamento desrespeitoso ou discriminatório será tratado com a devida seriedade. Conto com a colaboração de todos para manter um ambiente respeitoso.”
Um burburinho baixinho começou entre os passageiros. O casal ficou visivelmente desconfortável. A comissária retornou, com a postura impecável e a voz firme:
— “Senhor e senhora, vou precisar que vocês troquem de assentos. Há lugares disponíveis na parte traseira da aeronave.”
— “O quê? Por quê nós?” — a mulher protestou.
— “Devido ao seu comportamento inadequado. Agora, por favor, levem seus pertences e sigam para os novos assentos.”
O homem resmungou algo ininteligível, mas não teve escolha. Eles se levantaram e, sob os olhares reprovadores de outros passageiros, arrastaram-se pelo corredor. Alguém bateu palmas, e logo outros se juntaram. Foi um gesto pequeno, mas que aqueceu meu coração.
A comissária voltou para mim, seu tom agora gentil:
— “Senhorita, está tudo bem? Podemos fazer algo para ajudá-la?”
Assenti, com os olhos marejados.
— “Temos um assento disponível na classe executiva. Gostaríamos de oferecê-lo a você.”
— “Não quero causar problemas…” — murmurei.
Ela sorriu suavemente. — “Você não causou problema nenhum. Venha, será mais confortável.”
Segui a comissária até meu novo assento, onde fui recebida com um café quente e uma pequena caixa de biscoitos. Olhando pela janela, senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto — não de vergonha, mas de alívio.
A gentileza e o respeito da tripulação tinham me dado forças para encarar aquela situação. Não era fácil viver com as marcas que o destino havia deixado em mim, mas naquele momento, percebi que cicatrizes não me definiam. Elas eram apenas uma parte da minha história.
Enquanto o avião deslizava suavemente entre as nuvens, senti algo que não sentia há muito tempo: esperança.
Moral da história: As cicatrizes contam histórias de superação e força. Ninguém tem o direito de fazer você se sentir menor por elas. Respeito e empatia são o mínimo que todos devemos oferecer uns aos outros.