ALUGUEI UM QUARTO DE UMA SENHORA IDOSA E SIMPÁTICA — MAS UMA OLHADA NA GELADEIRA NA MANHÃ SEGUINTE ME FEZ FAZER AS MALAS.
Quando encontrei um quarto aconchegante para alugar na casa de uma doce senhora idosa, achei que finalmente tinha encontrado uma solução para meus problemas. Mas, por trás do papel de parede floral e dos sorrisos acolhedores, algo muito mais sinistro estava à espreita… algo que me fez arrumar as malas e fugir no dia seguinte.
Estava em um momento desesperador da minha vida. As contas médicas do meu irmão mais novo estavam se acumulando rapidamente, e equilibrar a faculdade em período integral com os turnos de garçonete até tarde da noite estava acabando comigo. Quando fui aceita em uma universidade em outra cidade, deveria ter ficado radiante, mas o custo de vida tornou impossível comemorar.
Foi então que encontrei o anúncio. Um quarto aconchegante em uma casa de aparência charmosa, alugado por uma senhora que parecia saída de um conto de fadas. O aluguel era surpreendentemente baixo, e o lugar parecia perfeito. As fotos mostravam uma decoração vintage, papel de parede florido e móveis que pareciam ter história.
Quando cheguei para conhecer a casa, a Sra. Wilkins, minha futura senhoria, me recebeu com um sorriso caloroso e um cheiro de biscoitos recém-assados no ar. “Você deve ser Rachel,” ela disse, me puxando para dentro com entusiasmo. “Que menina adorável você é! Venha, querida, vamos conversar.”
O interior da casa era tão acolhedor quanto as fotos mostravam. Pequenos enfeites enfeitavam as prateleiras, e o leve aroma de sopa de legumes preenchia o ambiente. “Fiz um jantar simples para nós,” disse a Sra. Wilkins, me levando até a cozinha.
Enquanto jantávamos, conversamos sobre nossas vidas. Ela parecia genuinamente interessada em tudo o que eu dizia, perguntando sobre minha família, meus estudos, e até sobre meu irmão mais novo, Tommy. “Você passou por tanto, minha querida,” ela disse, segurando minha mão com um olhar que parecia ao mesmo tempo caloroso e… intenso demais.
Naquela noite, dormi como há muito tempo não fazia. A cama era confortável, o quarto silencioso e aconchegante. Tudo parecia estar dando certo, e pela primeira vez em meses, senti um fio de esperança.
Na manhã seguinte, me levantei animada e fui até a cozinha para pegar um café. Mas quando entrei, algo imediatamente chamou minha atenção: uma enorme lista de regras estava colada na porta da geladeira. As letras vermelhas gritantes me fizeram parar no lugar.
“REGRAS DA CASA – LEIA COM ATENÇÃO”
Curiosa e preocupada, me aproximei para ler as regras. A cada item, meu desconforto aumentava:
- A porta do seu quarto deve permanecer aberta o tempo todo. Privacidade leva a segredos.
- O banheiro permanecerá trancado. Pegue a chave com a Sra. Wilkins quando precisar usá-lo e devolva-a imediatamente.
- Não traga carne para dentro da casa. Vegetarianismo é obrigatório.
- Nenhuma chave será fornecida. Você só pode entrar na casa entre 9h e 20h.
- Visitantes são proibidos, incluindo família.
A lista continuava, cada regra mais absurda do que a anterior. Meu estômago revirava enquanto lia.
“Bom dia, querida,” a voz da Sra. Wilkins soou atrás de mim, me fazendo pular. Virei-me e a vi parada na porta da cozinha, segurando uma xícara de chá e com um sorriso sereno no rosto.
“Você leu as regras?” ela perguntou, sua voz doce contrastando com o peso da pergunta.
“Sim, li,” gaguejei, tentando manter a compostura.
“Ótimo. Elas são muito importantes para manter a ordem na casa,” ela disse, ainda sorrindo.
Fiz um esforço para parecer tranquila, mas dentro de mim, um alarme estava tocando. Assim que ela saiu da cozinha, corri para o meu quarto. Em questão de minutos, joguei minhas roupas na mala e estava pronta para sair.
Enquanto me dirigia para a porta, a voz dela ecoou novamente, dessa vez vinda de um interfone que eu nem sabia que existia: “Já está saindo, Rachel? Espero que tenha uma boa desculpa.”
Meu coração disparou, mas não respondi. Abri a porta e corri para fora sem olhar para trás.
Quando finalmente me vi a algumas quadras de distância, respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. A doce senhora que parecia uma avó carinhosa era, na verdade, alguém muito mais controladora e perturbadora do que eu poderia imaginar.
Ainda me pergunto o que teria acontecido se eu tivesse ficado. Mas uma coisa é certa: sair daquela casa foi a melhor decisão que já tomei.